Ela estava ali, parada. Era como se o mundo inteiro estivesse naquele pedaço de papel. Lágrimas tímidas, a princípio, começaram a escorrer por aqueles olhos cremosos. De repente, rasgou pela porta, uma sombra esguia, lânguida escorria pelas paredes. Os olhos encontraram-se com as mãos frias, mas acolhedoras. As lágrimas, antes tímidas, tornaram-se tempestade. Catharina não acreditava no que acabara de ler; as palavras foram-se misturando, sua voz fugia-lhe naquele segundo. O tempo do relógio de nada mais importava, as letras saíram, gigantescas, do papel e começaram a devorar o pobre corpo daquela mulher, com olhos cremosos de menina. Isabel, não sabia o que fazer ou dizer para salvá-la da devastação; entrou pelo quarto, iluminado pela luz de uma vela, e correu a acudir a liquidez do espírito de Catharina. Catharina, não chore, me dói nos ossos, enxergar essa doce água que tem teus olhos escorrer-lhe pela pele.
As duas, ali, permaneceram. Catharina, com o peito em nó, não conseguia se mover, a dormência de seu corpo subia-lhe pela espinha e terminava a badalar o sino em suas têmporas. Isabel, aturdida, secava com um lenço de algodão aquela pele rósea que tanto desejava...Elas estavam sozinhas, entre as paredes geladas.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Assinar:
Postagens (Atom)