quinta-feira, 29 de abril de 2010

O outro...



só quero
o que não
o que nunca
o inviável
o impossível

não quero
o que já
o que foi
o vencido
o plausível

só quero
o que ainda
o que atiça
o impraticável
o incrível

não quero
o que sim
o que sempre
o sabido
o cabível

eu quero
o outro

Chacal

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Não sei porque insisto em dizer...você nunca ouve...



E eu te queria,
Nem que fosse por todos os dias...
E saía pela rua,
A te perguntar
nas esquinas e alamedas
nas praças e até portões

Mas foi nos porões
Que encontrei...
Não a ti, meu imenso desejo
Mas a mim mesma
E com tamanho desprezo
Me abandonei

Eu buscava a ti,
Sem perceber
Que era a mim mesma
Que queria encontar

Uma vida confusa,
Essa líquida atrevida
Uma busca obtusa
Essa minha interdita.

E mesmo assim
Não queria,
Esse encontro...
Porque o tênue ponto
Sabe de seu monstro

Carolina Canon

quarta-feira, 21 de abril de 2010

E eu faço isso porque te quero...



Que coisa é essa

de brincar de vida?

De torcer até rasgar

tua razão finita?


Falando assim

até parece circo,

até parece dor

ou até paixão


O querer existe

não porque eu quero,

mas Querer é querer e pronto!

ponto de encontro

entre dois corações


Pára com o jogar de olhos

com o fingir da língua

e o negar da pele


Eu to junto e misturada

é na água que te sacia

ou na nuvem, no ar

na cor, no som

To até na solidão


Insano-Prazer

esse de atormentar!

Será que não vês?

Lúdica-Feiticeira


Sou teu Vício-Menina

Porque to em mim e em cada parte

Vai, foge! Não adianta!

O que não entendes

é que antes, to em Ti!

E você, em mim...


Carolina Canon

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Bela flor...



E o que eu faço com essa secura?

Essa gastura tão dura

Tão rara e nem tão madura.


E o que eu faço com esse estar só?

Essa presença tão crua

De um espirito flanante

Chamado solidão


E o que eu faço com essa lágrima que escorre?

Tão invonluntária e relutante

Pelas maçãs do meu rosto


E o que eu faço com essa presença?

De uma ausência pulsante,

Líquida e delirante

Capaz de engulir-me

Num só instante


E o que eu faço com o vazio?

Preencho-o com as memórias

Dos beijos, outrora selados

Ou então com o tesão

Por dias, acumulado.


Na última noite,

De corpos laçados,

Colados e extasiados

Uma dor intensa me consumia

A dor da incerteza dilacerava


Mas que certeza,

posso eu querer sentir

Se é na incerteza

Que reside minha paixão


De ti, eu quero apenas

O sentir, o gozar

De ti, nada além disso

Me cabe esperar


Mas meu amor,

Não se zangue,

Nem se desespere

Porque até a mais bela flor

Um dia esgota-se

E dela nada mais se tem

A não ser a memória.


E eu te queria,

Nem que fosse por todos os dias...


Carolina Canon